

Sem dúvida o raciocínio do artista não parte de figuras geométricas, mas de elementos regulares que vão operar com a autoridade e a mobilidade de transformações espaciais. Tampouco o seu conceito de espaço equivale à noção de entidade matemática homogênea,
a priori, a nada enfim que se confunda com o plano geométrico abstrato: se alguma coisa, o espaço já começa a surgir para Serra como extensão histórica heterogênea, extensão política conflituada e ainda, é provável, extensão social insuficientemente assumida e tratada como tal. Inexiste, a rigor, espaço: só existem atos de espacialização e suas consequências concretas.
Ronaldo Brito, "Espaço em ato" - texto sobre trabalho de Richard Serra no catálago do Centro de Arte Hélio Oiticica